A oxidação é um tema importante na indústria de alimentos para pets. Encontrar o antioxidante que preservará as propriedades sensoriais e nutricionais desses alimentos ao longo de sua vida útil é, muitas vezes, uma dor de cabeça para os fabricantes de pet food.

A Dra. Françoise Michel-Salaun, Gerente de Pesquisa & Desenvolvimento para proteção de pet food da marca Videka, descreve os mecanismos por trás da oxidação e fornece algumas diretrizes para aproveitar ao máximo os antioxidantes e combater naturalmente a oxidação em busca do frescor dos alimentos.

 

Qual é o problema da oxidação?

 

As gorduras e os óleos são componentes essenciais dos alimentos secos para pets. Eles contribuem para o sabor, o valor nutricional, a textura e a palatabilidade dos alimentos. Contudo, esses componentes são altamente sensíveis ao fenômeno de oxidação.

 

O primeiro problema decorrente da oxidação é que esse processo representa uma fonte de odores desagradáveis gerados pela rancidez.

E uma ração oxidada que desenvolve um odor desagradável ou mau cheiro imediatamente será percebida pelos tutores como um sinal de má qualidade ou até mesmo um sinal de perigo (alerta) para a saúde dos animais.

E, de fato, os “pais” dos pets não estão completamente errados. Na verdade, o segundo e, talvez, o mais importante problema com a oxidação é que esse processo altera a estrutura química dos lipídios, tornando-os menos biodisponíveis para os animais.

Portanto, embora a oxidação não mate um pet, isso certamente poderá comprometer o valor nutricional dos alimentos.

 

Assim, é crucial limitar a oxidação para preservar a qualidade organoléptica e nutricional do pet food.

 

Como combater a oxidação dos alimentos para pets?

 

Não é nenhuma surpresa que a maneira mais conveniente de proteger os alimentos para pets contra oxidação envolve o uso de antioxidantes.

Entretanto, o ponto-chave para o combate eficiente da oxidação é fazer uma utilização racional desses ingredientes.

A escolha do local certo e do momento certo para a adição dos antioxidantes é crucial.

Na verdade, a oxidação ocorre assim que os lipídios são aquecidos ou entram em contato com o oxigênio, o que acontece em quase todas as etapas da fabricação dos kibbles.

 

Esta é a razão pela qual os antioxidantes devem ser adicionados o mais cedo possível, bem como regularmente ao longo de todo o processo.

 

Antioxidantes: onde e quando?

 

O combate à oxidação geralmente começa na graxaria (rendering), onde os antioxidantes são adicionados às matérias-primas utilizadas para produzir as gorduras, os óleos e as farinhas que serão incluídos no kibble.

Outros antioxidantes também podem ser adicionados diretamente às farinhas e aos óleos finais pelo equipamento de graxaria (rendering) antes do envase.

O combate à oxidação continua nas instalações do fabricante de pet food. Quando as farinhas e os óleos são armazenados por um longo período antes de serem processados ou se eles não foram estabilizados nas instalações de graxaria (rendering), os fabricantes de pet food podem adicionar os antioxidantes para proteger os alimentos durante a extrusão.

 

A aplicação final de antioxidantes geralmente é feita quando se aplica a gordura no revestimento externo, visando garantir a preservação dos lipídios durante toda a vida útil do kibble.

 

Como os antioxidantes atuam?

 

Para entender o modo de ação dos antioxidantes, é importante conhecer os mecanismos por trás do fenômeno de oxidação.

 

A oxidação lipídica é um processo de três etapas.

Quando a gordura é aquecida ou entra em contato com oxigênio ou metais, a estrutura de seus ácidos graxos é modificada, levando à formação de radicais livres. Esta é a fase de iniciação.

Os radicais livres formados, então, reagem com outros ácidos graxos para formar hidroperóxidos. Esta é a chamada fase de propagação.

Por fim, durante o que se conhece como a fase de terminação, os hidroperóxidos se decompõem em produtos acabados de oxidação, incluindo aldeídos como compostos hexanais, álcoois, cetonas ou ácidos graxos de cadeia curta. Essas moléculas são responsáveis pelos odores desagradáveis.

O problema é que, uma vez iniciado esse mecanismo, não há como interrompê-lo. Trata-se de um efeito tipo bola de neve.

Contudo, o uso de antioxidantes retarda as reações oxidativas e garante a preservação das propriedades organolépticas e nutricionais do produto durante sua vida útil. Os antioxidantes são classificados como primários ou secundários, de acordo com seu modo de ação.

Os antioxidantes primários captam os radicais livres, enquanto os antioxidantes secundários podem encarcerar metais e oxigênio ou regenerar os antioxidantes primários.

 

Para garantir uma proteção ideal, a melhor estratégia é combinar os antioxidantes primários e secundários.

Sintético ou natural?

 

Na indústria de pet food, os antioxidantes sintéticos são amplamente utilizados para proteger os óleos e as gorduras. Os mais comuns são o BHA (hidroxianisol butilado), o BHT (hidroxitolueno butilado) e o propilgalato (também conhecido como galato de propila).

Todavia, devido aos possíveis efeitos adversos dos conservantes sintéticos na saúde dos pets, a demanda dos consumidores por antioxidantes naturais aumentou consideravelmente na última década.

 

Em consequência disso, surgiram novas soluções naturais de antioxidantes no mercado, algumas com desempenho ainda superior ao das soluções sintéticas.

 

Qual antioxidante natural é o mais eficiente?

 

Centenas de moléculas de plantas, com várias estruturas químicas, foram identificadas como antioxidantes eficazes. No entanto, em função da disponibilidade e das restrições (tanto regulatórias como econômicas), apenas alguns deles são utilizados atualmente na indústria.

 

Na Videka, confirmamos a eficácia de vários extratos naturais em diversas aplicações de alimentos para pets. Além disso, demonstramos que a capacidade dos antioxidantes de retardar a oxidação é ainda maior quando eles são combinados.

Nossa linha de produtos usa a sinergia de extratos naturais para melhorar a estabilidade oxidativa dos alimentos para pets. Também combina antioxidantes primários e secundários, a fim de atingir um controle ideal das reações oxidativas.

 

Uma única solução antioxidante pode ser usada em diferentes alimentos para pets?

 

Não existe uma solução universal para proteger os alimentos para pets. Na verdade, os antioxidantes se comportam de maneira diferente dependendo da matriz à qual eles são adicionados.

O teor de água, a viscosidade, a temperatura ou a porosidade do produto a ser protegido, sem exceção, exercem forte influência sobre a difusão das moléculas antioxidantes e, portanto, sobre o desempenho dessas moléculas.

 

A forma como os antioxidantes são distribuídos no produto, por meio de um líquido à base de gordura ou à base de água ou através de um pó, também é de grande importância.

Diferentes combinações de extratos naturais, com diferentes formas, precisam ser elaboradas, dependendo se eles serão adicionados em gorduras, óleos, kibbles, farinhas processadas, petiscos ou outros ingredientes ou produtos.

 

E quanto à palatabilidade?

 

Os pets não fazem concessões quando se trata do sabor e odor de seus alimentos.

Portanto, é legítimo questionar se a mudança de antioxidantes sintéticos, que geralmente são inodoros, para os antioxidantes naturais, que podem ter odores mais acentuados, afeta a palatabilidade dos alimentos para pets.

 

Na Videka, demonstramos com cães e gatos que a palatabilidade das dietas contendo soluções naturais é igual à das dietas contendo antioxidantes sintéticos clássicos ou tocoferóis mistos naturais.

Eficazes e também melhores para a saúde animal, os antioxidantes à base de plantas são, sem dúvida, uma excelente solução para preservar naturalmente a qualidade dos alimentos para os pets e a experiência do paladar desses animais.

Pontos para levar para casa

  • Ao alterar a estrutura dos lipídios, a oxidação torna a ração menos nutritiva para os pets e gera odores rançosos que são desagradáveis para os tutores.
  • É fundamental limitar a oxidação para preservar a qualidade organoléptica e nutricional dos alimentos para pets.
  • O uso precoce de antioxidantes em matérias-primas e, em seguida, regularmente ao longo do processo de fabricação do kibble, permite limitar a oxidação.
  • Os antioxidantes à base de plantas que combinam extratos naturais sinérgicos podem preservar com sucesso a saúde e a experiência gustativa do pet, ao mesmo tempo em que atendem à demanda do tutor por produtos naturais.